ESCÓCIA DECIDE, NA QUINTA, SE DEIXA REINO UNIDO. ENTENDA AQUI !


É o grande acontecimento da semana por aqui: na quinta-feira a Escócia decide, por meio de referendo popular, se continua a fazer parte do Reino Unido. A campanha do 'sim' - a favor da saída da Escócia - tem mostrado mais força nas últimas semanas e, recentemente e pela primeira vez, uma pesquisa de opinião apontou uma pequena vantagem para os separatistas. Mas as pesquisas indicam que existem ainda quase 700 mil indecisos - são cerca de 4,3 milhōes de eleitores. 


Campanha pelo 'yes', a favor da separação,
ganha força 
Para conquistar essa massa de indecisos, o embate tem se tornado mais acirrado, especialmente nesses dias que antecedem o plebiscito. O clima é semelhante ao de antes de uma grande eleição no Brasil : militantes fazem corpo-a-corpo e caminhadas pelas ruas; políticos realizam comícios e há debates nos meios de comunicação. A mídia garante que a Escócia nunca viu tanta mobilização política como agora. 

PERDAS E GANHOS - Se a separação acontecer, o Reino Unido vai perder um terço do seu território e a Escócia, depois de 307 anos de união, terá que aprender a caminhar sozinha. Será fácil? Os nacionalistas garantem que a vida pós-separação será muito melhor - especialmente por causa do petróleo: sem ter que dividir os rendimentos do petróleo do Mar do Norte, a Escócia teria cerca de 26 bilhōes de reais a mais por ano. Grande parte desse dinheiro - ainda segundo os nacionalistas - seria investido em bem estar social (educação e previdência, principalmente) e transformaria a Escócia numa 'Nova Noruega'. Mas será que as receitas do petróleo podem garantir isso mesmo? Alguns especialistas argumentam que não, já que as reservas são menores do que as esperadas. 


Slogan do movimento pelo 'no ' :
"Melhor juntos. Uma Escócia mais forte, um Reino Unido".
Outros analistas são ainda mais pessimistas. Segundo o economista-chefe do Deutsche Bank, David Folkerts-Landeu, a independência seria um "erro económico" . Ele alertou ainda para o risco de "recessões, subida de impostos, quebra no investimento público e aumento das taxas de juro".

Se a separação se concretizar, não será apenas a Escócia que enfrentará mudanças - um novo Reino Unido também sairá das urnas; menor e menos influente. Esse seria um baque e tanto para a nação, que tem enfrentado o encolhimento do território desde a Primeira Guerra Mundial. Só para relembrar : o Reino Unido é composto hoje pela Inglaterra (capital: Londres) + Escócia (capital: Edimburgo) + País de Gales (capital: Cardiff) + Irlanda do Norte (capital: Belfast). Alguns analistas avaliam que a separação da Escócia poderia abrir caminho para que o País de Gales e a Irlanda de Norte sigam o mesmo rumo. O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, é absolutamente contra a idéia da separação -  já afirmou que não suportaria ver o Reino Unido "destroçado" sem a Escócia.  



Atualmente, a Escócia já tem um certo grau de autonomia local - possui seu próprio Parlamento, sediado em Edimburgo, que decide várias questōes regionais e tem autoridade para criar muitas leis - com exceção a assuntos relacionados à defesa, segurança nacional, pensōes e previdência social. Essas questōes são decididas pelo Parlamento em Londres (vale lembrar, que o Parlamento britânico é composto por duas casas - a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes - expliquei detalhes de como funciona o sistema político do Reino Unido nesse post aqui)


Eu, na frente da sede do Parlamento escocêes, em Edimburgo, no ano passado.

O prédio, dá para notar, tem arquitetura modernosa

Com cerca de 5.3 milhōes de habitantes (8 % da população do Reino Unido), a Escócia contribui com cerca de 9% do PIB britânico. A economia do país é diversificada: além do petróleo, é um grande centro financeiro e exportador de uisque. Seu eleitorado, tradicionalmente de esquerda, se ressente das políticas de austeridade implantadas pelo governo conservador do primeiro-ministro David Cameron. 

Se a separação acontecer, existem muitas questōes que terão que ser resolvidas, especialmente a que envolve a moeda do país - atualmente é a libra, como em todo o Reino Unido. Qual seria a nova moeda? Alguns analistas apostam que o país adotara o euro. Outros ponderam que poderá haver uma 'librização' - utilização da libra da mesma maneira como o dólar é utilizado em alguns países latino-americanos. 

Independente ou não, a Escócia é um país que vale muito a visita. Recentemente, estive em Glasgow (veja aqui e aqui) e antes disso, no ano passado, em Edimburgo, capital do país, veja aqui e aqui. Adorei as duas cidades.

Leia também:

Como funciona sistema eleitoral na Inglaterra

Gostou? Compartilhe:

4 comentários:

  1. Bacana suas informações. Gosto muito de ler seu blog. Parabéns. Agora que tal escrever alguma coisa sobre os aristocratas "lisos"? Uma vez li algo assim e fiquei curioso. A reportagem abordaria o estilo de vida, como vivem os que têm nome mas não têm dinheiro. Abraço
    Flávio Carvalho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Flavio, vou fazer um post sobre assunto sim ! Ótima idéia ! Obrigada pela sugestão ! Abraço !

      Excluir
  2. Bom post. Mas só uma correção: é mar do Norte e não mar Negro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Claro que é Mar do Norte !!!!! kkkk Obrigada pelo toque !

      Excluir