ENTENDER INGLÊS EM PEÇAS DE TEATRO


Quem estuda inglês quer ter o gostinho de praticar um pouco a língua quando visita o Reino Unido. A conversação pode ser praticada fazendo pedidos em um restaurante ou compras em uma loja. Mas para checar (e desenvolver) a compreensão oral - ou, no popular, treinar o ouvido  -  uma boa idéia é assistir a peças de teatro. Mas como escolher a melhor para o seu nível de inglês?

Baseada na minha experiência como professora de inglês e como brasileira morando na Inglaterra, acredito que alguns fatores atrapalham bastante o entendimento de peças em inglês (se você não for fluente na língua). São eles: 

a)Sotaque carregado dos atores. De uma maneira geral, os atores disfarçam ou anulam seus sotaques quando estão encenando uma peça. Porém, alguns espetáculos exigem sotaque. Explico melhor: algumas peças têm enredos muito específicos - a história acontece, por exemplo, numa pequena vila no interior da Escócia. Aí os atores fazem o contrário: capricham no sotaque regional, para dar veracidade à história. Resultado: sobra para o brasileiro que está assistindo o espetáculo tentar entender o que está acontecendo no palco. rs

É sempre bom lembrar que cada região da Inglaterra tem a sua própria maneira de pronunciar as palavras - ou seja: uma pessoas nascida e/ou criada no Norte da Inglaterra fala de uma maneira bem diferente de outra que é da região Sul do país, por exemplo. Alguns sotaques são ainda mais específicos, identificando não apenas a região, mas também a cidade de onde a pessoa é. Por exemplo: todo mundo reconhece o sotaque de alguém de Liverpool no momento em que ele/ela pronuncia as primeiras palavras. E, é claro, o sotaque escocês é muito diferente do inglês, que é muito diferente do irlandes, que é muito diferente do sotaque do morador do País de Gales. 

Eu e Mike prontos para assistir a uma peça em Londres
 - ele não parece muito animado, né? rs

b) Uma narrativa não linear . Antecipações, retrospectivas, cortes e rupturas do tempo e do espaço em que se desenvolvem as ações podem ser um recurso fantástico da dramaturgia, mas também podem atrapalhar o entendimento linguístico. Peças com uma narrativa mais linear - começo, meio, fim - são mais fáceis de acompanhar (um típico exemplo são as de Agatha Christie).

c) Diálogos que façam constante referências a assuntos da vida política/ social cotidiana ou a fatos históricos do Reino Unido que você possa não estar familiarizado. Eu nunca vou me esquecer uma das primeiras peças que assisti aqui com o Mike (meu marido), em que os personagens faziam constantes piadas envolvendo indiretamente políticos ou personalidades da mídia nacional que eu absolutamente desconhecia. Todo mundo na platéia rindo e eu boiando...

Bem, esses são alguns dos fatores que atrapalham. E os que ajudam? 

Minha experiência com A Chorus Line, em Londres : é um musical que eu conheço o enredo
+ já tinha visto o filme  = entendimento fácil

1.Musicais são a melhor opção para quem não tem muita experiência com a língua. Recheados de músicas e danças, eles são fáceis de acompanhar. O ideal é escolher espetáculos que você já conheça bem a história, para ficar ainda mais fácil de entender a narrativa. Por exemplo, se você conhece ( e gosta) da história ( e das músicas) de Singing in the Rain (em cartaz no no Empire Theatre, em Liverpool de 22 de abril a 3 de maio), esse é o musical ideal para ser assitido. Eu vi essa mesma produção em Londres e posso garantir que é fácil (além de super bacana). 

É claro que, às vezes, mesmo um musical impōe alguma limitação. A história do musical Billy Elliot, por exemplo, é razoavelmente conhecida do público brasileiro por conta do filme homônimo  - que conta a inspiradora (e verdadeira ) luta de um adolescente em busca de seu sonho de se tornar um bailarino. No entanto, existe uma dificuldade:  o sotaque super carregado dos atores - o musical é ambientado numa cidade mineradora do norte da Inglaterra.

2. Se você já se sente meio craque na língua, deve experimentar uma peça sem música - seja ela comédia ou drama. Minha dica é começar, novamente, com uma história conhecida - baseada num livro ou filme que você conheça. É um recurso que ajuda muito. 

Eu estou falando por experiência própria: fiz isso quando optei por Twelve Angry Man (ainda em cartaz em Londres, no Garrick Theatre). Já tinha assistido ao filme em DVD e ajudou muito ao entendimento. Fiz isso novamente quando assisti a peça A Woman of No Importance (de Oscar Wilde) e ao suspense A Ratoeira (The Mousetrap), de Agatha Christie. Ambas foram razoavelmente fáceis de entender. Veja bem, não estou dizendo que foram fáceis para eu entender - seriam fáceis para qualquer pessoa que tivesse um bom nível intermediário de inglês e conhecesse previamente as respectivas histórias.


The Globe, em Londres: palco de Shakespeare

Mas para aqueles que são fluentes e querem tentar algo mais puxado - nada como a experiência de assistir Shakespeare ao vivoAssistir Shakespeare em inglês antigo é difícil, não há como negar. Mas também uma experiência inesquecível, principalmente para alguém que gosta de teatro e já estudou  sobre o autor





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4 comentários:

  1. Muito legal!! Vc é professora de inglês? :)))

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    1. Eu trabalhei como professora de inglês - em cursos de línguas e em universidades - durante muitos anos, sim !

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  2. E sobre O Fantasma da Ópera? É uma boa peça? O que você indicaria para quem vai fazer seu primeiro intercâmbio em Londres?

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    1. O Fantasma da Ópera é um musical clássico - vi uma vez em NY e adorei ! Vale a pena sim ! recentemente vi vários aqui na Inglaterra: Billy Elliot, The Commitments; Singing in the Rain, Top Hat - adorei todos !

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