O JEITO INGLÊS DE SER

Qual é a primeira imagem que vem à sua cabeça quando você pensa na Inglaterra?

A rainha Elizabeth?

Sherlock Holmes?

Ou o Big Ben?

Tem uma anedota sobre o assunto que eu adoro. Duas amigas se encontram num restaurante. Uma delas tinha acabado de voltar ao Rio depois de uma viagem de duas semanas na Inglaterra. Ela contava para a outra suas impressões do país. “Bem, descontando a comida insossa; o tempo horroroso, super frio e chuvoso; as pessoas - que não são muito amigáveis; os hotéis (onde já se viu colocar o chuveiro em cima da banheira?) e o jeito esquisito como eles pronunciam as palavras, até que é um país bem bacana”.

Não tenho procuração da rainha Elizabeth, mas essa moça é meio exagerada. Nem tudo é tão esquisito por lá. Tenho até aprendido algumas coisas bem positivas observando o estilo de vida inglês. Por exemplo, nada como controlar um impulso bem brasileiro (ou será carioca?) de reclamar de um serviço que você julga insatisfatório. Explico melhor: o verdadeiro inglês evita reclamar sobre qualquer coisa. Se a recepcionista do hotel te destratar, o filet no restaurante vier duro ou o motorista do taxi dirigir feito um louco - faça o inimaginável (pelo menos na minha opinião): ignore. Não reclame, não faça careta, não suspire, não levante nem uma sobrancelha. Se possível, até elogie.
Dessa maneira, você não se irrita e, melhor ainda, evita rugas.


Outra lição: é muito, mas muito difícil apavorar um inglês. O desastre pode estar batendo a sua porta, uma catástrofe pode estar por acontecer, mas eles não se apavoram, ou pelo menos jamais demonstram qualquer sinal de insegurança. Geralmente descartam o problema com uma brincadeira ou comentário irônico (inglês não perde a oportunidade de fazer uma piadinha) e seguem suas vidas com a serenidade de sempre.  É a tal da fleuma inglesa – que não é lenda. O Mike, meu namorado inglês, acha que eu sou uma drama queen (rainha do drama) porque sempre me preocupo com tudo. Agindo como eles você só tem a ganhar: não se descabela e evita rugas – novamente.

Mais um ensinamento: nada como aprender a fazer uma fila organizada. Se você tiver que enfrentar uma, aproveite o tempo e leia o jornal, (ou, se a fila for do INSS, um livro), pense no que vai fazer para o jantar, lixe as unhas, mas nunca, jamais se irrite. Reclamar então, nem pensar, isso você já aprendeu na primeira lição. Aguarde a sua vez, esqueça o conceito de ‘furar fila’ – tem coisa mais feia? – e fique quietinho no seu lugar na fila indiana (que deveria se chamar inglesa).
Tem um provérbio inglês famoso que diz “An Englishman, even if he is alone, forms an orderly queue of one”.Uma tradução livre: ‘um inglês, mesmo se estiver sozinho, forma uma organizada fila de apenas uma pessoa’. É provérbio, não é piada.
Uma coleção bacana sobre as idiossincrasias do estilo de vida inglês é ‘How to be British 1’ e ‘How to be British 2’, de Martyn Ford e Peter Legon. Eu recomendo!


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