Ele ficou mundialmente conhecido por sua participação em comédias românticas irrelevantes, em que invariavelmente representa o inglês com um charme meio pateta e que sempre acaba fisgando a mocinha. Mas, na vida real, Hugh Grant tem assumido um papel bem diferente: ele é um dos mais ativos membros do grupo 'Hacked Off ', que luta pela regulamentação da mídia na Inglaterra. O ator foi uma das vítimas do escândalo que sacudiu o país no ano passado, quando foi revelado que o tablóide News of The World, de propriedade do magnata do setor das comunicaçōes Rupert Murdoch, grampeava os celulares de cerca de 4 mil pessoas, especialmente celebridades e figuras públicas. Entre as vítimas, além de Hugh, os atores Jude Law e Sienna Miller, o prefeito de Londres Boris Johnson, e o cantor George Michael, entre milhares de outros. Em tempo: 'Hacked Off' é uma gíria que pode ser traduzida por algo como 'Estou p. com jornalistas!'
De lá para cá, uma investigação do caso provocou a demissão de super poderosos executivos da mídia (entre elas a chefona do tablóide Rebekah Brooks) e do chefe da Scotland Yard - todos envolvidos no escândalo. Hoje se sabe que o esquema de grampo do News of The World era protegido por uma rede de interesses e troca de favores entre jornalistas e policiais. Até o primeiro-minstro David Cameron saiu chamuscado: além de ser amigo íntimo dos executivos do jornal, seu ex-porta-voz Andy Coulson foi indiciado por participação no caso. O tablóide, um dos mais antigos da Inglaterra, e que vendia cerca de 2.8 milhōes de cópias por semana, foi fechado por decisão do próprio Murdoch. Fim do jornal que, por sua predileção por escândalos, era conhecido pelo apelido de 'News of The Screws'.
Murdoch e Rebekah |
Hugh Grant, além de processar o jornal, resolveu arregaçar as mangas e tem, nos últimos 18 meses, usado sua imagem e popularidade para pressionar o governo a estabelecer políticas de controle da mídia. Ontem, o Channel 4 exibiu o documentário ' Hugh Grant: Taking on The Tabloids ', em que o ator mostra como, nos últimos 18 meses, tem batalhado pela causa. Enquanto isso, Lord Justice Leviston - que ocupa o mais alto cargo da Justiça no país - acabou de concluir um gigantesco relatório de cerca de 2 mil páginas em que apresenta suas recomendaçōes de controle do setor.
A mídia obviamente não deseja controle algum, quer continuar com a liberdade de sempre e com o privilégio de auto-controlar seu próprio desempenho. Mas foi essa liberdade que resultou, no caso do News of The World, numa imperdoável e absurda invasão da privacidade alheia, com o único objetivo de coletar informaçōes para produção de matérias sensacionalistas que vendem milhōes de exemplares. Esse impasse parece longe de terminar...
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