Muitos leitores me perguntam se existe diferença entre a vida no Sul (onde localiza-se Londres) e no Norte (onde fica Liverpool) da Inglaterra. Já tratei disso aqui, enfocando que as diferenças que eu mais havia notado abrangiam especialmente estilo de vida e cultura. Uma recente (e longa) matéria publicada pelo jornal The Observer confirmou a minha percepção e foi mais longe. Segundo o jornal, o abismo existe e está cada vez maior. A economia de Londres e região floresce, mas, infelizmente, o mesmo não acontece no norte do país.
O skyline de Londres é dominado por guindastes: sinal de crescimento |
Atualmente o que mais se vê na capital são obras: guindastes, pesadas estruturas de cimento e tapumes revelam a construção de novos e ambiciosos empreendimentos comerciais e residenciais. E o trabalho continua no subsolo, onde centenas de operários estão cavando túneis de 42 km, que ligarão a cidade de leste a oeste. É o Crossrail Project, o maior desse porte em toda a Europa. Além disso, restaurantes, lojas, shoppings, museus e galerias de arte estão sempre lotados - de turistas e moradores. Com a globalização da economia e a facilidade na comunicacão e nos transportes, a cidade se tornou uma imã, atraindo riqueza e talento de todos os cantos do mundo.
Operários do Crossrail Project na capital |
Estatísticas do London Central Portfolio, instituição que orienta empresários que desejam investir na capital, mostram que houve, nos últimos 12 meses, um incrível crescimento de 25% no preço dos imóveis em áreas nobres da cidade, como Knightbridge, Kensington ou a Chelsea. E quem compra esses imóveis caríssimos? A maioria pára nas mãos dos investidores estrangeiros, que fugindo da crise do euro são responsáveis pela compra de 52% dos imóveis chiques em Londres. Os analistas da agência Wealth Insight revelam que o que não falta é dinheiro circulando na cidade: são cerca de 4,5 mil multimilionários com fortuna estimada acima de 30 milhōes de dólares.
Londres passa por uma recuperação econômica fantástica, afirma Gerard Lyons, consultor-chefe da área econômica da Prefeitura da capital.
Mas, e o resto do país, como anda? O desequilíbrio é evidente. O Norte do país, que era a força motriz do desenvolvimento industrial do país, amarga dificuldade. A taxa de desemprego é alta; somente no nordeste, um em cada quatro jovens não consegue encontrar trabalho (são cerca de 51 mil desempregados no momento); número preocupante, principalmente se considerarmos que um terço da população economicamente ativa do país vive na região.
Manchester, uma das cidades mais importantes do Norte do país |
Muita gente acredita que a situação foi provocada por constantes e severos cortes de investimentos do governo. Segundo a thinktank IPPR North ( thinktank é uma instituição dedicada a produzir e difundir estratégias sobre assuntos vitais como política ou economia), o governo precisa assegurar que a criatividade e o talento para o trabalho dos habitantes do norte não sejam desperdiçados. Em outras palavras: políticas públicas não devem enfocar apenas Londres e a região sul.
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Diferença entre Norte e Sul da Inglaterra
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Marcy! Nunca fui nessa cidade, não tenho nenhuma informação mesmo... Procure nesse site aqui :https://en.wikipedia.org/wiki/Tyne_and_Wear. Boa sorte! Bj Claudia
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