Daqui a 35 dias, o Reino Unido vai às urnas decidir quem vai ser o próximo primeiro-ministro. Os dois principais candidatos são David Cameron, do Partido Conservador e concorrendo à releeição, e Ed Milliband, do Partido Trabalhista.
Mas os eleitores não votam diretamente nos dois candidatos. O sistema eleitoral no Brasil e no Reino Unido tem diferenças fundamentais:
1. Para começar, o voto aqui é distrital. Funciona assim: o Reino Unido é dividido em 650 distritos eleitorais - cada um com uma média de 70 mil eleitores. Por exemplo: o distrito onde eu e o Mike moramos se chama Liverpool Riverside (com cerca de 73 mil eleitores).
O eleitor então vota no candidato de sua preferência para representar o seu distrito. Cada distrito elege um representante - o Member of Parliament, chamado de MP. Ou seja: 650 distritos eleitorais correspondem a 650 representantes no Parlamento (650 MPs). O partido que obtém a maioria absoluta de MPs (326 MPs num total de 650) é chamado pela rainha a formar Governo e o seu líder torna-se primeiro-ministro. O primeiro-ministro escolhe então o seu gabinete.
2. Outra diferença é que não existe segundo-turno, vence o candidato que tiver o maior número de votos no distrito - mesmo que tenha 25% dos votos, por exemplo. Por isso que os cientistas políticos chamam esse tipo de sistema de "voto distrital majoritário".
3. A terceira diferença importante é que aqui o voto não é obrigatório. O voto é um direito: o eleitor vota se quiser, se achar que algum candidato de fato o representa, ou se achar que é necessário que sua opinião seja representada. O cidadão que desejar votar em alguma eleição deverá ter 18 anos e se cadastrar - o cadastro pode ser feito online.
O voto facultativo gera algumas particulariedades. Segundo o Electoral Comission, uma espécie de TRE daqui, nas últimas eleiçōes legislativas, apenas 65% da população votou. A abstenção é significativa especialmente entre os mais jovens - cerca de 70.2 % das pessoas entre 20 e 24 anos optaram por não votar. Para tentar reverter essa situação e conquistar o eleitorado jovem, os partidos promovem programas educativos sobre a importância do voto, utilizando mídias sociais para divulgação e compartilhamento do slogan VOTE SIM !
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